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Não existe fotografia gerada por inteligência artificial

Não existe fotografia gerada por inteligência artificial

Por Osvaldo Furiatto

Sim, o tema é polêmico. Tem sido cada vez mais comum lermos notícias e matérias que usam a expressão “fotografia gerada por inteligência artificial”. E isso não é uma exclusividade de leigos e pessoas que não entendem muito sobre o tema. Também é comum esta expressão errônea aparecer em conteúdos de grandes veículos de comunicação e jornalismo e, já li inclusive, até mesmo, em sites especializados no assunto. Mas, o que eu posso garantir é: não existe fotografia gerada por inteligência artificial. 

Por que eu tenho tanta certeza disso? Vou explicar. Primeiramente precisamos entender o que é uma fotografia. Para tanto, fui buscar a definição no dicionário Michaelis, a qual, transcrevo na íntegra abaixo:

fotografia
fo·to·gra·fi·a
substantivo feminino
1. Arte ou processo de reproduzir, pela ação da luz ou de qualquer espécie de energia radiante, sobre uma superfície sensibilizada, imagens obtidas mediante uma câmara escura.
2. A imagem obtida nesse processo; foto, retrato.”

Em seguida, também busquei a etimologia de fotografia (a origem da palavra). Segundo o Dicionário Etimológico, ela tem origem no idioma grego sendo a junção de duas outras palavras: φῶς (fós, que significa luz) e γραφή (grafí, que significa escrita). Esta junção, basicamente, é a definição que todo fotógrafo conhece: fotografia é escrever com luz.

As duas definições descritas acima são perfeitas para sustentar a certeza de que não existe fotografia gerada por inteligência artificial. Simplificando e explicando: para uma fotografia existir, é necessário um processo de captação de luz ou de alguma espécie de energia através de uma superfície fotossensível, como um filme ou um sensor, por exemplo. Sendo assim, tudo aquilo gerado por qualquer meio onde este processo não existiu não é uma fotografia.

Mas então o que são essas imagens geradas por IA que estão por todo lado? Para alguém que trabalha há tanto tempo como eu nas áreas de artes gráficas, desenho e fotografia, essas imagens tem características de um desenho. E como podemos comprovar isso? Vamos mais uma vez recorrer ao dicionário Michaelis, desta vez, com a definição da palavra desenho:

desenho
de·se·nho
substantivo masculino
1. Representação gráfica, por meio de linhas, cores e sombras, de objetos, seres, ideias, sensações etc.
2. Arte e técnica de representar visualmente a forma desses elementos, servindo-se de linhas ou traços, assim como de efeitos de luz, cores e sombras.
3. Conjunto de procedimentos relativos a essa arte e a essa técnica.

Mas o mais interessante vem de um item presente na área de expressões da palavra no mesmo dicionário:

Desenho de imitação: desenho que reproduz, com fidelidade, uma figura, objeto, paisagem ou qualquer outro elemento do mundo real ou de outra imagem ou reprodução.

Aqui sim, chegamos a algo que se encaixa perfeitamente no que estamos discutindo. As inteligências artificiais são “treinadas” com fotografias e vídeos reais. Então, ela aprende sobre pessoas, cores, animais, paisagens, etc. Quando alguém acessa uma dessas IAs e pede para ela criar uma “fotografia” sobre tal assunto descrito, ela pega todo seu conhecimento e “desenha” uma imagem hiper realista usando técnicas de imitação. Parece absurdo o resultado de um desenho ficar idêntico a uma foto, mas não é. Pelo mundo todo, há milhares de desenhistas humanos capazes de fazer trabalhos com aparência de fotografia. Ainda que sejam muito realistas, são desenhos, já que não passaram pelo processo de fotografia.

Depois dessa explicação, posso afirmar, não existe fotografia gerada por IA. O termo mais próximo a ser utilizado deveria ser “Imagem gerada por inteligência artificial” ou “Desenho gerado por inteligência artificial”.

E aí, você já tinha parado para pensar sobre isso ou também acreditava que existia fotografia gerada por IA?

Você se preocupa com a foto do seu perfil em redes sociais profissionais?

Você se preocupa com a foto do seu perfil em redes sociais profissionais?

Por Osvaldo Furiatto

Navegando recentemente pela rede social de contatos profissionais LinkedIn comecei a analisar as fotos que as pessoas usam como imagem do perfil. Logo percebi que a preocupação com a imagem e o que ela pode passar não parece ser um motivo de atenção para os usuários. A quantidade de fotos que pareciam inadequadas para alguém que está procurando uma vaga de trabalho ou simplesmente mostrando seu currículo a empresas interessadas espantou-me. Uma pergunta me veio na mente: Você já parou por algum momento sequer para analisar se sua foto do perfil reflete o profissional que você é?

O exercício é simples: tente por alguns instantes esquecer quem você é e se imagine como recrutador ou executivo de uma empresa que está olhando para o seu perfil (e para sua foto consequentemente). Você acha que essa pessoa está vendo ali naquela imagem tudo que seu currículo profissional descreve?

Expressões populares como “a primeira impressão é a que fica” ou “uma imagem vale mais que mil palavras” mostram como a escolha errada de uma foto pode prejudicar sua carreira na hora de almejar uma vaga. Para ilustrar algumas situações que me deparei (algumas delas vistas muitas vezes inclusive) vou descrever abaixo o que considero um uso equivocado de imagem para perfil profissional. Para preservar o direito de imagem de cada indivíduo, vou apenas descrever a foto, mas será compreensível.

Fotos equivocadas para perfil profissional:

1 – Foto com uniforme de time de futebol, agremiações, clubes etc
A menos que você faça parte do quadro de funcionários do clube ou associação (jogador, técnico, comissão ou funcionários em geral), não use uma foto com camisa de um time, independente se for do País ou de fora. Esse tipo de foto passa a imagem de fanatismo e isso fará o recrutador pensar se essa característica não vai atrapalhar nas relações profissionais.

2 – Foto em festas, baladas, fantasiado(a) etc
A regra é bem parecida, se não for um animador de festa, dono de casa de shows ou algo parecido, não use esse tipo de foto. Elas transmitem a sensação de uma pessoa “festeira” que não se preocupa muito com obrigações.

3 – Fotos com roupas muito sexys ou ousadas
Se não for um(a) profissional do amor, esqueça de usar esse tipo de foto. Ela com certeza vai passar a imagem errada sobre você. Os recrutadores só pensarão duas coisas: ou essa pessoa vai gerar problema na empresa ou essa pessoa vai querer usar a sexualidade para conseguir algo na empresa.

4 – Fotos em pescarias, piscina, praia, férias etc
Há de se pensar o que é profissional e o que é lazer ou pessoal. Se o que você está fazendo no momento da foto não tem haver com o que você faz profissionalmente evite usá-la no perfil profissional.

5 – Imagens de desenhos animados ou personagens famosos
Acho que esse talvez seja um dos erros mais graves na minha opinião. Já de cara mostra que você tem um ar infantilizado, e isso pode prejudicar a sua carreira. A exceção é se você desenhou ou criou esse personagem ou se está ou esteve ligado diretamente na produção de tal. Ainda assim tem que ser algo que valha a pena.

6 – Fotos em dupla, trio, grupo etc
Acho que essa é a mais fácil de identificar o erro. Se tem mais de uma pessoa na foto como o recrutador vai saber que é o(a) dono(a) do perfil? Aqui também cabem como erradas as fotos com famosos e pessoas públicas.

7 – Fotos fumando, bebendo etc
Fotos em situações que são consideradas como algum tipo de vício também podem te atrapalhar no processo seletivo. Fumando, bebendo, jogando e coisas parecidas são alguns exemplos. Essas situações devem fazer parte da sua vida particular e social pessoal, não precisam estar expostas em um perfil profissional.

8 – Fotos escondendo o rosto
Nesse caso a primeira pergunta que vem na mente de um recrutador é: por que esse(a) candidato(a) está escondendo o rosto, o que ele(a) tem a esconder? Nesse caso específico não tem exceção, se não está mostrando o rosto é porque teme algo. Provavelmente o recrutador não vai te chamar para uma entrevista só para saber por que você está escondendo o rosto. Você vai ter que possuir um currículo mega ultra maxi excepcional para ser chamado em uma entrevista. Agora se você tem um currículo desses, não custa nada fazer uma foto legal para o perfil, não é mesmo?

9 – Perfil sem foto
O perfil sem foto também é uma representação de desleixo e isso pode influenciar na escolha. A única situação aceitável nesse momento é se você criou o perfil e ainda não tem uma foto boa para incluir. Nesse caso é melhor deixar sem nenhuma por um tempo do que usar uma foto ruim. Embora isso deva ser pensado antes, é uma situação comum de acontecer e deve ser resolvida o mais rápido possível.

Esses são alguns exemplos dentre tantos que vi, mas como regra geral use sempre o bom senso. Apesar de parecer em alguns momentos que há um julgamento prévio do(a) candidato(a) há de se lembrar que dezenas, centenas ou milhares de pessoas estão disputando uma vaga, e sairão na frente os que melhor se encaixarem nos pré requisitos da empresa. Se o que aparecer na imagem além de você não tiver ligação direta com o que você faz profissionalmente não use. O melhor é sempre usar uma foto que apareça somente você e que não esteja em uma das situações descritas acima. Caso tenha dificuldades, peça ajuda a um profissional ou a um amigo que entenda um pouco mais de fotografia.

Um abraço e obrigado pala leitura.

Uma doença silenciosa chamada filtro do Instagram

Uma doença silenciosa chamada filtro do Instagram

– Por Osvaldo Furiatto –

Meu primeiro contato com computadores que rodavam programas gráficos foi em 1994. Anterior a isso, por volta de 1990, eu trabalhava em uma agência de publicidade, e lá, tinha contato com fotografias e já fazia pequenos retoques em imagens. Eram tempos difíceis em relação às técnicas e tecnologias disponíveis. De todos que trabalhavam no estúdio da empresa, eu era um dos mais requisitados para esses pequenos retoques, acredito eu, devido ao meu perfeccionismo.

Os tempos eram outros. A imensa maioria desses trabalhos eram relacionados à produtos, cujas imagens, deveriam ser perfeitas. Mesmo não fazendo muito, nós sabíamos (e estudávamos) os retoques em fotos usadas em outros tipos de publicações, como moda, beleza, etc. Uma das precursoras no tratamento de pessoas foi a revista Playboy, ícone mundial de ensaios sensuais e nus que, por anos, dominou o mercado.

Até hoje, mais de três décadas depois, ainda se fala da edição que trazia a jogadora Hortência na capa. Ali, a revista mostrava todo o seu poderio tecnológico nas questões relacionadas ao retoque. Mas, em um determinado momento, o qual não há como se determinar exatamente quando, tanto a revista, quanto o mundo da moda e beleza, incluindo o publicitário, perderam a mão.

Em muitos casos, tanto em editoriais, quanto em anúncios, os retoques eram tantos, que pessoas e produtos ficaram praticamente irreconhecíveis. Tudo isso acontecia em nome da perfeição, sendo que a perfeição não existia. Se fosse levado ao pé da letra, deveria ser em nome da enganação, porque estava bem mais próximo disso do que da perfeição.

Veio então, a informatização e digitalização das imagens. A questão aqui não era demonizar o retoque, e sim o excesso dele. Algumas imperfeições na foto, manchas ou objetos fora de contexto realmente deveriam realmente ser eliminados, mas uma ampla modificação não era o correto. Até este momento, os recursos necessários para a manipulações de imagem ainda estavam em um nível extremamente alto. Para realizar esses trabalhos, eram necessários computadores caros, monitores de alta definição e programas igualmente caros e difíceis de trabalhar.

A coisa toda começou a complicar ainda mais com a indústria da beleza criando padrões inatingíveis. Marcas gastavam milhões e milhões na manipulação das imagens das modelos que estampavam suas campanhas. A intenção, claro, vender mais produtos e procedimentos estéticos.

No entanto, nem todo mundo tinha dinheiro suficiente para comprar tantos cremes e se submeter a tantas intervenções estéticas em busca daquela aparência ideal (em muitos casos, manipuladas digitalmente). Isso foi criando uma frustração crônica em quem queria ser daquele jeito mas não era.

Como diz o ditado, não há situação ruim que não possa piorar. Na virada do milênio, começaram a ganhar força as redes sociais, alavancadas principalmente pela popularização dos smartphones. Inúmeras pesquisas mundiais mostram que as imagens têm um poder de prender a atenção muito maior que a escrita, e isso não foi diferente nessas comunidades.

Foi aí que surgiu, em 2010, o Instagram. Na época, uma rede exclusiva para compartilhamento de fotografias. E onde há uma demanda, sempre há alguém disposto em suprí-la. Eles começaram a criar filtros que transformavam as fotografias. No começo, as mudanças estavam focadas principalmente nas cores. Haviam filtros para envelhecer uma foto, torná-la preto e branco, mudar os tons, etc.

Com isso, criou-se a ideia de que qualquer dono de um smartphone, poderia criar imagens parecidas com fotos profissionais. Paralelo a esse pensamento, ganhava espaço um novo recurso até então pouco usado, as chamadas “selfies”. Selfie é o termo criado para designar uma fotografia que uma pessoa faz dela mesma, ou, como conhecemos em fotografia profissional, um autorretrato.

Embora as fotos pudessem ter suas cores e efeitos modificados, no usuário ainda existia aquela frustração com a própria imagem. Então, com o avanço dessa tecnologia dos filtros, desenvolvedores começaram a criar soluções que alteravam também as características das pessoas, como alisar a pele, aplicar maquiagem, mudar a cor dos olhos, etc.

Isso gerou um mercado pouco conhecido das pessoas comuns: a dos criadores de filtro. Celebridades passam a gastar pequenas fortunas para que esses desenvolvedores criassem seus filtros exclusivos. Essas mesmas celebridades, depois os redistribuíam gratuitamente. A intenção por trás disso? Aumentar seus engajamentos nas redes, o que era bom comercialmente, de uma forma ou de outra. Podemos dizer então, que essa situação é algo muito parecido com o que vimos anteriormente nesse artigo, empresas e pessoas manipulando imagens com o objetivo de algum tipo de lucro.

Olhando pelo outro lado, usuários das redes sociais, viram ali, uma chance de se parecer com aqueles padrões físicos que tanto almejavam. E o melhor, de forma gratuita. Começaram então, a usar indiscriminadamente esses filtros. Em todas as postagens esses recursos estavam presentes, mesmo que a imagem final estivesse muito distante da realidade. E essa distância não é só relacionada à idade, a mudança na cor dos olhos, por exemplo, não reflete a realidade. É até legal usar um recurso assim, uma vez ou outra, em forma de brincadeira, mas muitas pessoas passaram a usar como padrão, não publicando nada sem eles. E é aí que o problema começa.

Se há uma certeza nessa vida, é toda ação gera seus efeitos colaterais, e com o uso de filtros não foi diferente. O exagero fez com que as pessoas passassem a acreditar que suas imagens manipuladas digitalmente eram o padrão, mesmo que isso degradasse sua imagem natural. Começou aí, o que podemos chama de aberrações. Os excessos se tornaram cada vez maiores e tornou-se nítido que aquilo não refletia nem de longe a realidade. Virou então um círculo vicioso e doentio, onde as pessoas não conseguem mais enxergar esse desvio de imagem e, cada vez mais, procuram filtros que alteram sua própria existência.

Silenciosamente, esses desvios vem causando transtornos psicológicos muito sérios, onde a pessoa passa a não aceitar mais sua imagem real. As novas gerações, mais adeptas às tecnologias, são as que têm sofrido mais com isso. Percebi essas questões na minha própria carreira como fotógrafo. Pessoas de gerações anteriores pedem para que eu não use filtros desse tipo (eu já não uso por padrão), enquanto as gerações mais novas, ficam meio que indignadas quando digo que não os uso.

Exemplificando, recentemente fotografei uma adolescente para um trabalho profissional. Tanto as fotos, quanto ela, ficaram lindas. No entanto, ela disse se ver muito velha nas imagens, mesmo não tendo ruga nenhuma no rosto ou qualquer outra coisa que a deixasse velha. Como não sou dono da razão, consultei algumas pessoas para ver suas opiniões, e todos foram unânimes: as fotos retratavam exatamente ela.

Para mim, esse foi um caso explícito do desvio de imagem que a nova geração está sofrendo. Lembro que, antigamente, as garotas faziam de tudo para parecer mais velhas. Hoje, elas têm uma imagem errada de si mesmas, e se apegam a filtros para criar a falsa ilusão de serem mais novas, ou terem suas peles perfeitas, quando na verdade já são. Só no futuro, saberemos o quanto essa distorção vai ser prejudicial.

A intenção desse artigo é que você reflita sobre o uso excessivo de filtros e sobre sua própria imagem. Se perceber que tem algum desvio da realidade em você ou em alguém que você conhece, peça ajuda. Todo mundo tem sua beleza natural que não depende de filtros.

Dez coisas que você precisa saber sobre fotógrafos profissionais e suas fotografias

Dez coisas que você precisa saber sobre fotógrafos profissionais e suas fotografias

– Por Osvaldo Furiatto –

Com a chegada da era digital a banalização da fotografia está cada vez mais frequente. Hoje, todos se denominam fotógrafos simplesmente porque compraram um celular que tira foto. Há, no entanto, uma diferença entre esses fotógrafos de celular e fotógrafos profissionais. Para facilitar a vida de todos, aqui vai uma lista de dicas sobre fotógrafos profissionais:

1- Toda fotografia tem um autor. Como diz o texto da lei de direitos autorais, uma obra intelectual é de autoria de um espírito, portanto, AQUIVO, CEDOC, GOOGLE, INTERNET, REPRODUÇÃO, DIVULGAÇÃO ou qualquer outra coisa parecida não podem ser autores de nada.

2- É obrigatório que cada fotografia seja acompanhada do crédito do autor, a menos que o mesmo autorize expressamente e claramente que o mesmo possa ser dispensado.

3- Você não pode usar uma fotografia para absolutamente nada a menos que o autor da mesma licencie, venda ou autorize expressamente o seu direito de uso. O fato de um fotógrafo ter colocado essa fotografia na internet, ter enviado por email, ter disponibilizado para visualização ou algo parecido não dá automaticamente o direito de uso da mesma.

4- Um fotógrafo profissional não entrega todas as fotografias feitas. Durante a sessão fotográfica há fotos que se apresentam com erros ou imperfeições como as de teste de luz, as que o equipamento falhou por algum motivo, as que possuem algo que desagrade na imagem, as que apresentam erros de modelos ou cenários etc., essas fotos são eliminadas e nunca serão entregues.

5- Um fotógrafo profissional é aquele que, além de saber fotografar, sabe editar seu material. Portanto, as imagens que um fotógrafo profissional entregar estão dentro dos padrões de qualidade do mesmo. Este é um item que necessariamente separa fotógrafos bons de fotógrafos ruins.

6- Em fotografia profissional a palavra EDITAR significa ESCOLHER. Ao editar seu material, um fotógrafo profissional está escolhendo as melhores imagens. O ato de melhorar uma imagem através de software chama-se TRATAMENTO.

7- O fotógrafo que entrega quantidades exageradas de imagens geralmente tem problemas no ato de fotografar ou na edição do material. Grandes quantidades de imagens são somente para grandes eventos. Esse é outro item que diferencia fotógrafos bons de fotógrafos ruins.

8- Antes de achar que um fotógrafo é caro ou barato procure saber quem você está contratando. Fotógrafos profissionais são diferentes de fotógrafos que compraram uma câmera semi-profissional e saíram vendendo serviço. Fotógrafos profissionais estudam muito, investem em equipamentos caros, fazem cursos de reciclagem, participam de seminários, adquirem boa cultura, por isso são de maior valor. Portanto, antes de compará-los veja se estão no mesmo nível.

9- A fotografia comercial feita por um fotógrafo profissional não é igual à fotografia feita por um fotógrafo amador ou por um iniciante.

10- Ao usar uma fotografia de forma irregular você pode estar infringindo até cinco leis, que podem resultar em processos e indenizações. As leis são:

  • a Convenção Internacional de Berna
  • a Constituição Brasileira
  • a Lei do Direito Autoral
  • a Lei da Propriedade Industrial
  • o Código Penal Brasileiro

Você está preparado para ser cliente?

Você está preparado para ser cliente?

– Por Osvaldo Furiatto –

Toda vez que você vai contratar um prestador de serviços, independente de qual área, você sempre se preocupa em saber se aquele profissional está preparado para executar tal tarefa, certo? Pedidos de referências, checagem de qualificação ou consultas a portfólios e serviços similares anteriores são práticas comuns na hora de certificar-se que o prestador está pronto para executar o serviço.

Mas, e ao contrário, você está pronto para contratar um prestador de serviços? Você está preparado para ser cliente? Várias experiências recentes mostram que muitas pessoas e empresas que vão atrás de um profissional para executar determinada tarefa não estão preparadas para isso.

A situação mais comum é o contratante olhar apenas o valor do serviço, deixando de lado requisitos importantes como a qualidade, por exemplo. É praticamente garantido, que quem contratou olhando só o valor e não a qualidade, não vai gostar do resultado e ficará com um sentimento de arrependimento sobre tal contratação. E isso é ainda mais nítido quando o serviço está nas áreas que envolvem conteúdo intelectual e arte.

Há casos, em que o contratante, ao solicitar um orçamento, está completamente despreparado para isso, não sabendo informar quantos produtos serão fotografados ou por quantas horas ele necessitará de cobertura fotográfica de um evento. Ou seja, o fotógrafo precisa dessas informações para gerar o orçamento, mas o possível cliente nem sequer se muniu de tais dados antes de solicitar a proposta.

Há casos ainda piores. Recentemente recebi uma mensagem via rede social solicitando um orçamento para fotografia de uma cerimônia de casamento. Pouco mais de uma hora depois, assim que vi a mensagem, respondi pedindo maiores detalhes, como data e hora (afinal, preciso saber se tenho agenda disponível), local (preciso saber se é na mesma cidade que estou ou se precisarei viajar), quantidade de convidados (para dimensionar a equipe) e tempo de cobertura (se é só cerimônia, se tem festa, etc para saber o volume de material que será gerado).

Recebi uma resposta quase que imediata informando que já havia fechado com outro profissional. Percebam que entre o pedido de orçamento e a informação de que já havia fechado não se passaram nem duas horas. E se eu tivesse sentado para escrever uma proposta e a pessoa tivesse fechado antes mesmo de ler a minha? Teria jogado um tempo precioso fora. Afinal, um evento com dia e hora marcados, não é uma sangria desatada a pontos de não poder esperar algumas horas para ler todas as propostas solicitadas.

Outro fato muito recorrente é contratar um profissional qualificado e experiente e não ouvir o que ele tem a dizer sobre o serviço que será executado. Esses profissionais sempre apresentarão as melhores soluções para o caso, é preciso ouvi-los. A velha postura do “eu estou pagando e você vai fazer o que eu quero” é outro caminho que na grande maioria dos casos termina no abismo da decepção.

Na área visual, para se alcançar um objetivo, é preciso que vários fatores sejam levados em conta. Se você quer criar a logomarca da sua empresa e esta quer atingir o público A e B, não adianta criar uma com características para público C e D. Se você quer que uma foto seja publicada em meios de comunicação jornalísticos, não adianta enviar uma imagem publicitária. Mas quem é que vai saber essas diferenças? O profissional qualificado e experiente que trabalha nessas áreas.

E neste momento, a pessoa ou empresa que estarão contratando o serviço, precisam deixar de lado sua postura de superioridade e se posicionarem como ouvintes das possibilidades e ponderações, até que os dois lados cheguem a um denominador comum: atingir um objetivo.

E agora, olhando por esse lado, você está preparado para ser cliente?

O dia em que não fotografei uma igreja

O dia em que não fotografei uma igreja

– Por Osvaldo Furiatto –

Antes de começar a contar essa história, preciso descrever o que aconteceu um dia antes dos fatos. Tudo começa a tomar forma numa sexta-feira, véspera do dia que completaria 40 anos da tragédia do edifício Joelma, em São Paulo. Comecei a ler alguns textos nos portais de notícias que contam o drama. Realmente, uma das grandes tragédias deste País e que marcou para sempre um edifício na capital paulista.

Uma das reportagens conta o lado assombrado daquele local, uma série de acontecimentos envoltos em mistérios. No meio deste texto, havia um link para outra  matéria cujo tema era os lugares conhecidos como mal-assombrados na capital paulista. Como gosto muito do assunto, fui ler esse também. Ele descrevia lugares onde pessoas diziam ver fantasmas, ouvir gritos, ter sentimentos estranhos entre outras coisas espirituais.

Um dos locais descritos era a Capela da Santa Cruz dos Enforcados e, acho que aqui, começou realmente o fato que se sucederia no dia seguinte. Como algumas pessoas já sabem, eu fotografo igrejas, templos, cemitérios e locais ligados à vida, à crença e à morte. O tema me fascina e sempre rendem fotos espetaculares. Esta capela fica na Praça da Liberdade, local que eu iria conhecer no dia seguinte, sábado. Eu nunca havia visitado essa região da cidade antes. Por um descuido meu não gravei a informação do nome da capela na memória.

Esse descuido gerou o primeiro ponto que costumo chamar de sorte na fotografia. Chegando ao bairro da Liberdade, logo de cara vi a capela, fica bem na praça e de longe pode ser vista. No entanto, ela não me chamou muito a atenção. Não me parecia assombrada e muito menos associei que era sobre ela que tinha lido no dia anterior. Para mim parecia apenas uma igrejinha bonitinha. A sorte começou a mudar quando em certo momento, andando pelas ruas do bairro, me deparo com outra capela, menor, escondida no final de um beco e, um tanto quanto assustadora. E é nessa capela que algo aconteceu que me arrepio cada vez que falo sobre ela, esses arrepios acontecem inclusive enquanto escrevo esse texto.

Mas antes de entrar nela, fomos almoçar. Fiquei pensando se essa seria a capela ao qual li na matéria do dia anterior. Terminado o almoço, resolvi ir até lá. Fiz de imediato algumas fotos do exterior, do beco, do sino, da cruz, do portão entre outras. Parti então para conhecer (e fotografar) seu interior. A capela é simples, mas um tanto quanto sombria. Ao adentrar, vi altares básicos com várias imagens de santos e  três pessoas rezando. Sempre que vou fotografar um solo sagrado eu encho meu coração de humildade e respeito, mostrando que estou ali apenas para emprestar o meu olhar sobre aquele lugar. Procuro não atrapalhar nem interromper nada.

Preparei-me então para fotografar. Foi aí que tive a primeira sensação me dizia “não, agora não”. Não foi uma voz ouvida, nem de alguém que estava por ali e nem do além, e sim uma sensação muito forte de aquele não era um momento para fazer a fotografia. Fiquei encanado com aquilo, já que estou acostumado com igrejas, cemitérios, templos e tudo mais.

Parei, baixei a câmera, observei bem em volta, nada parecia estranho. Observei então se não estava atrapalhando a oração de alguma das pessoas que ali estavam. Poderia ser essa a origem da sensação. Nada, elas nem me viam. Parti então para uma segunda tentativa. Foi só preparar a câmera e novamente me veio a mesma coisa, esse não é o momento. Saí.

Ainda sem entender direito o que estava acontecendo, resolvi fazer uma foto da sala das velas, que fica do lado de fora. Ali fiquei alguns minutos e fiz algumas fotos. Isso me fez crer que aquela primeira sensação era passageira, pois o velário faz parte da capela e ali eu consegui fotografar naturalmente. Voltei então para o lado de fora e contei o ocorrido para as pessoas que me acompanhavam. Depois de alguns minutos de conversa decidi entrar mais uma vez e tentar novamente fotografar o interior da capela. Já não tinha mais nenhuma pessoa lá rezando. Pensei então que agora a sensação não voltaria, já que não havia mais ninguém para eu atrapalhar. Quando encostei a câmera no rosto, e para meu espanto, mais uma vez tive a sensação de “de não faça essa foto hoje”.

Como disse anteriormente, minhas crenças me orientam a ter respeito em lugares sacros, e uma capela é um lugar sacro, decidi adiar a fotografia daquele lugar. Ainda encanado resolvi pesquisar sobre o lugar. Lá e a Capela dos Aflitos, uma capela erguida quando naquela região estava o Cemitério dos Aflitos, local onde eram enterrados indigentes, presos, pobres, não católicos e os enforcados no enforcadouro que existia onde é hoje a Praça da Liberdade.

Pesquisando mais à fundo, li sobre a história de um soldado do exército brasileiro chamado Francisco das Chagas (o Chaguinha) que foi enforcado no enforcadouro da praça. Sentenciado à morte depois de um levante contra seu comando que não pagava o soldo devido, nas duas primeiras tentativas (ou três, dependendo de quem conta), a corda arrebentou e ele não morreu. O povo que assistia, entendendo como um sinal divino, gritava por sua liberdade. Chaguinha então disse que se tivesse que morrer defendendo seus direitos que assim seria, tirou seu cinto de couro e o entregou ao carrasco dizendo que esse não arrebentaria. Aos gritos de “liberdade” emitidos pelo povo que assistia, o carrasco então pendurou o cinto e consumou o castigo mortal.

Nesse exato momento da história que estou narrando é feita a ligação entre as duas capelas. A Capela da Santa Cruz dos Enforcados foi erguida em homenagem a Chaguinha e foi na Capela dos Aflitos que ele ficou preso até ser levado à forca. E sabe o que realmente impressionou? Pesquisando mais tarde, descobri que a sala das velas a qual fotografei foi a cela onde Chaguinha passou sua última noite. Por respeito a algo que eu não sei descrever, não fotografei o interior da Capela dos Aflitos dessa vez, mas eu ainda volto lá. Essa foi a única vez que eu não fotografei uma igreja.

As 100 Sacras: Dia 22 – Velário da Capela dos Aflitos na Liberdade, São Paulo

As 100 Sacras: Dia 62 – Capela dos Aflitos na Liberdade, São Paulo

Sorte, preparo ou os dois: Você conhece a história da minha foto de maior sucesso?

Sorte, preparo ou os dois: Você conhece a história da minha foto de maior sucesso?

– Por Osvaldo Furiatto –

Antes de contar a história da minha foto de maior sucesso, preciso contar algo que aconteceu uma semana antes dela ser feita. Era maio de 2011 (não me lembro exatamente o dia) e eu esta fazendo um curso de especialização em fotografia. O tema da aula era fotografia de objetos em movimento e o tempo exato da foto. O professor não permitia nenhum ajuste da imagem após a captura e os cartões eram descarregados na hora, havendo uma avaliação em seguida. Eu tinha feito a imagem de um ciclista de velocidade treinando, usei uma configuração na câmera para gerar um panning, mas o enquadramento não ficou 100% perfeito. Como nem o corte era permitido, resolvi submeter a imagem para avaliação assim mesmo. Ouvi então a frase que nunca mais me esqueceria: “um fotógrafo da sua categoria não pode perder o timing da foto”. Essas palavras me marcaram profundamente. Todo o trabalho que tive para fazê-la foi por água abaixo, eu não havia respeitado o tempo da foto.

No final da mesma aula, conversamos sobre qual seria a melhor configuração da câmera para o caso da necessidade de uma foto rápida, como um flagrante, por exemplo. E passei a andar com esses parâmetros pré-configurados. Em um dia qualquer da semana seguinte, saí para mais um trabalho. Não imaginava o que me esperaria pelo caminho. O trabalho em questão era a realização de um ensaio fotográfico de uma motocicleta para uma reportagem de avaliação da mesma. Algo corriqueiro, pois fazia no mínimo um ensaio desses por semana. A primeira parte era com a moto em movimento. Escolhemos uma estradinha bem pouco movimentada da região. Tudo ocorreu normalmente e, finalizada essa etapa, pegamos o caminho para a segunda parte, o ensaio dela parada.

Foi ai que algo estranho aconteceu. Eu e o jornalista responsável pelos testes estávamos acostumados com essa estrada. Já tínhamos realizado algumas dezenas de ensaios lá. Mas em um determinado momento nos deparamos com uma enorme equipe de produção, com câmeras de vídeo, gruas, iluminação, etc. Saquei logo minha câmera achando que estavam gravando uma novela, série, filme ou algo parecido. O motorista diminuiu a velocidade para tentarmos ver o que era. Repentinamente, de uma curva bem próxima à nossa posição, surge um veículo. Percebi que as câmeras apontavam para ele e mais do que rapidamente fiz uma foto. Só deu tempo de fazer uma única foto e passamos por ele.

Quando olhei para trás vi que a equipe de produção ficou meio desesperada e retirou o carro da estrada. Mas até aí não tinha a menor ideia do que seria. Fomos então para o local da segunda parte do ensaio e terminei o meu serviço. No mesmo dia, conversei com alguns amigos da imprensa tentando descobrir se sabiam da gravação de alguma novela ou filme na região. Todos foram categóricos em dizer que não tinham nenhuma informação que confirmasse isso. Foi então que pensei: será que tudo aquilo tinha haver com o carro?

Consultei então outro amigo que escreve sobre veículos. A primeira resposta dele foi: qual carro era? Na correria que tinha sido o dia do ensaio não me atentei a este fato. Pedi alguns minutos e fui olhar a marca e modelo. Retornei com a imagem e respondi seu questionamento: é um Renalt Duster. Eu nem sabia que carro é esse, meu foco até o momento eram as motocicletas. Atônito ele me perguntou: você fotografou um Renault Duster? Mostro a foto e antes mesmo dele olhar para a imagem, me pergunta novamente: você tem certeza que fotografou um Renault Duster?

Pedi para ele olhar a imagem, e questionei qual o motivo do espanto dele. A reposta foi simples: ninguém nunca fotografou um Duster sem disfarce até agora, é o maior segredo da indústria automotiva na atualidade. Foi minha vez então de ficar atônito. Após um breve papo, permiti que ele publicasse a imagem em seu blog de veículos. O acordo incluía que parte da história de como a foto foi captura teria que constar no texto, incluindo meu nome e o nome da minha agência (Mira e Clica). Menos de uma hora depois, dois grandes portais do Brasil entraram em contato comigo querendo a imagem. Os acordos com eles também mantiveram os mesmos requisitos. Em menos de 24 horas a imagem e a notícia haviam se espalhado por todo o Brasil. Em menos de 36 horas toda a América Latina estava noticiando. Em 48 horas chegou à Europa, e lá teve um efeito viral sem precedentes. Descobri aí que o design do carro havia sido feito pela subsidiária romena da Renault.

Em uma semana, quando parei o monitoramento, o Google possuía mais de um milhão de referências diferentes contendo meu nome e a imagem. Meu amigo que escrevia sobre carros e foi o primeiro a publicar a imagem me disse, alguns dias depois, que montadora teve que convocar uma entrevista coletiva online às pressas, porque os departamentos de marketing e a assessoria não  estavam dando conta do número de questionamentos que chegava da imprensa especializada. Depois de um tempo, ele me disse também que o lançamento foi antecipado em um mês. Apesar de ter outras imagens e textos que poderiam ser considerados de sucesso, nenhuma atingiu um nível desses, e principalmente, em tão pouco tempo. Nem de longe esta é minha foto mais bonita esteticamente, mas o poder de comunicação que ela teve naquele momento e o grau de dificuldade para consegui-la foram tamanhos, que superou todo o resto. Mas o mais interessante é que desta vez eu não havia perdido o timing da foto. A bronca no curso valeu e muito. Na aula seguinte coloquei esse caso para avaliação e meu professor simplesmente não acreditava no que tinha acontecido. Até hoje não perco mais o tempo das fotos que faço, principalmente as que envolvem velocidade.

Apresento então a vocês minha foto de maior sucesso até hoje:

Primeira imagem mundial do Renault Duster sem disfarces antes do lançamento